quinta-feira, 2 de abril de 2009

Superbactérias







Foto: Saúde é Vital

Uma notícia recém-chegada da Universidade Harvard, nos Estados Unidos,
retrata bem o tamanho da ameaça representada pelo consumo indiscriminado de antibióticos: em uma pesquisa de campo com amostras de solo, os cientistas encontraram superbactérias. E elas são súper por dois motivos: toleram altas doses desses remédios e, ousadas, chegam até mesmo a devorar suas moléculas, como se as drogas fossem um banquete - Esnobam anos e anos de avanços da indústria farmacêutica.Não sabemos se elas, em si, causam doenças em seres humanos, mas podem, sim, transferir seu mecanismo de resistência para outros microorganismos, via DNA, explica a SAÚDE! George Church, autor do estudo. Nessa espécie de transferência de tecnologia de um micróbio para outro, surgem germes causadores de infecções bem adaptados às substâncias que deveriam combatê-los.O assunto é tão grave que, aqui, a Sociedade Brasileira de Infectologia lançou a campanha Antibiótico necessita de prescrição médica. Como o próprio mote sugere, o objetivo é alertar sobre os perigos de engolir o medicamento sem necessidade. A orientação, aliás, merece atenção redobrada nesta época do ano. Nos dias frios, as pessoas tendem a permanecer mais tempo em ambientes fechados, o que favorece as infecções, justifica o imunologista Fabio Castro, da Universidade de São Paulo.Os desavisados cometem toda sorte de erro: recorrem ao antibiótico que foi tiro e queda em outra ocasião; passam por uma consulta relâmpago no pronto- socorro e saem de lá com uma receita, digamos, pouco personalizada; tentam curar a doença com antiinflamatório, que não é páreo para infecções bacterianas. Os microorganismos que sobrevivem ao tratamento incorreto se fortalecem, resume a infectologista Thaís Guimarães, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Aí, o paciente passa a ter infecções mais agressivas, que podem até se espalhar pelo corpo. Veja, nos quadros à direita, como você pode, sem querer, entregar superpoderes de bandeja a uma bactéria.Nunca é demais lembrar que antibióticos não matam vírus. É o caso dos causadores da gripe e de algumas sinusites, cujos sintomas são aliviados com analgésicos e antitérmicos, exemplifica Thaís Guimarães. E as amigdalites, campeãs no uso abusivo de antibióticos, nem sempre são provocadas por bactérias. Em 70% dos episódios, os vírus são os vilões da garganta inflamada avisa o infectologista Eduardo Medeiros, da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp. Só o especialista sabe diferenciar se o pivô da encrenca é um vírus ou uma bactéria, observando sintomas como aparência, febre e dor. Mais uma razão para evitar antiinflamatórios sem prescrição: Eles aliviam a sensação dolorosa, o que dá uma falsa sensação de melhora nas infecções bacterianas. Daí a pessoa pode demorar mais para buscar orientação e receber o tratamento correto, explica Eduardo Medeiros. E o quadro se agrava.Uma vez medicado com antibiótico, continue monitorando a febre. Se ela persiste por mais de 72 horas após a introdução da droga, isso pode sinalizar que ela não está surtindo efeito. Não perca tempo: procure seu médico. Ou você não está tomando o antibiótico certo ou a dose é insuficiente. É bem verdade que um profissional experiente é capaz de receitar a droga correta com base no olhar clínico, no relato dos sintomas, no histórico do paciente e no estado de saúde geral. Mas, por segurança, muitos tiram a prova dos nove recorrendo a exames como sorologia do sangue, teste de urina, análise do catarro e cultura. Todos eles detectam a bactéria por trás de uma infecção. Uma vez flagrada, é possível fazer ainda o antibiograma, que revela todos os antibióticos aos quais o micróbio em questão sucumbe. Por fim, faça a sua parte. Verifique se você entendeu a receita e pergunte ao profissional sobre cuidados especiais durante a utilização da droga, aconselha Esper Kallas. Medidas simples assim evitam que seu corpo se transforme em um criadouro de monstrinhos resistentes, como os encontrados na pesquisa de Harvard.

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